sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Leituras de O Peregrino - O Reino de Deus é Aqui


Uma imagem interessante consiste quando Cristão deixou a Cidade da Destruição com o propósito de entrar na porta estreita indicada por Evangelista, em meio as zombarias dos seus vizinhos e gritos de outros para que voltasse para a cidade. Dentre esses vizinhos, um chamado Obstinado e o outro Flexível, decidiram ir atrás dele para convencê-lo a não prosseguir neste caminho.

Quando o alcançaram tentaram lhe convencer a desistir, principalmente Obstinado, no entanto, ele tinha a confiança motivada através da leitura de um livro (a Bíblia) de que o seu caminho a partir daquele momento era muito excelente. Num diálogo com Flexível procura explicar que rejeitou continuar sendo morador da sua cidade para viver em uma outra cidade, a celestial (no Reino de Deus). Na Cidade Celestial existe uma herança que não perece é incomparável aos bens da Cidade da Destruição: uma vida de caráter permanente; sem choro e espécie de sofrimento; felicidade para todos desfrutando dos bens dessa cidade. Esta é uma realidade antagônica a Cidade da Destruição, pois está fundamentada na liberdade em Cristo, que conduz a vida e que todos podem pertencer de forma gratuita.

Neste temos o motivo de rejeição de Cristão à Cidade da Destruição fundamentada no grande fardo da sua existência, para encontrar a liberdade, a vida, a paz e a felicidade no caminho da Cidade Celestial. Esta é dada por Deus a todos que o recebem em Cristo, apresentando o Reino de Deus com o seu inicio no plano terrestre e a sua plenitude num outro tempo, após o Julgamento Final.

Esta ideia de que o Reino de Deus começa aqui pode ser enxergado em outras imagens como: quando Cristão chegou ao Palácio Belo onde foi muito bem recebido por Caridade, Prudência, Piedade e Descrição. Recebeu um quarto para descanso denominado Sala da Paz, com uma janela para o nascente. E quando chegou ao Monte das Delícias formado por um lindo jardim, vinhas e fontes. Lá bebeu, lavou-se e comeu livremente o fruto da vida, sendo bem recebido pelos pastores que ali cuidavam dos seus gados (BUNYAN, 2004, p.77-89, 175-179).

É interessante a afirmação de John Stott (2004:122) de que em nossas comunidades devemos encarnar conscientemente os bens eternos do Reino de Deus, porque o seu projeto eterno não pode ser limitado a trazer liberdade a indivíduos isolados:

"Infelizmente, há muitas comunidades cristãs que estão distantes do ideal divino, e outras que de maneira bonita se aproximam dele. Elas nos capacitam a afirmar que o propósito de Deus não é apenas salvar indivíduos isolados e, assim, perpetuar nossa solidão, mas construir uma nova sociedade, uma nova família, até mesmo uma nova raça humana, que viva uma nova vida e tenha um novo estilo de vida."

Em nossas comunidades temos que priorizar em sua missão a encarnação do Reino de Deus, na construção de uma nova sociedade, onde predomine uma nova liberdade, uma nova paz, nova vida e uma nova felicidade em todas as suas instituições. Sendo uma realidade que não faz aliança com as propostas da nossa sociedade globalizada, de vivermos com base em seu grande mercado de consumo de caráter individualista e egocêntrico.

Enxergamos isto na imagem de Cristão e Fiel na Cidade da Vaidade que durante todo ano realizava uma Feira conhecida pelo mesmo nome. A Feira da Vaidade foi criada por Belzebu, Apolião e Legião havia cinco mil anos com o propósito de vender todo tipo de vaidade como as seguintes mercadorias: casas, terras, empregos, países, reinos, prostitutas, almas, prata e outras muitas. Quando os dois passam pela Feira houve um grande alvoroço com a população porque desprezaram as suas mercadorias. Tal atitude resultou no espancamento de ambos, prisão e processo de julgamento de Fiel. Vejamos na citação a seguir a descrição da Feira da Vaidade e a atitude dos peregrinos (BUNYAN, 2004, p.136,138):

Cristão e Fiel entendiam que como cidadãos do Reino de Deus os bens eternos desse Reino não se harmonizavam com os bens egoístas da Feira da Vaidade, resultante de uma relação de ódio, separação e miséria para com Deus.. Os bens eternos resultantes da mensagem de Liberdade em Cristo, uma intima e constante relação de amor a Deus, vivida em todos os momentos gerava paz, vida e felicidade.

É necessário repensar a verdade da encarnação dos bens eternos do Reino de Deus a partir do próprio Cristo, que se contrapõe a uma conformação com o nosso mundo na busca exacerbada de riquezas. Repensarmos também as instituições cristãs que tem formado uma grande Feira Religiosa que cada uma apresenta produtos que favorecem essa busca, tornando-nos amantes do prazer e não de Cristo (SPURGEON, 1997: p.78).

Portanto, somos chamados para sermos cidadãos do Reino de Deus em nossa existência e instituições cristãs com o chamado de viver os seus bens eternos: justiça, paz, liberdade, felicidade, fundamentado na mensagem de liberdade de Cristo. Gerando inconformidade e crítica aos bens egoístas da nossa sociedade globalizada que priorizam a satisfação dos próprios interesses, porque sua base é o fardo do pecado, resultando em miséria espiritual, social, econômica e política.

Referências

BUNYAN, John. O peregrino – a viagem do cristão a cidade celestial. Trad. Alfredo H. da Silva. São Paulo: Martin Claret, 2004.

SPURGEON, Charles Hadson. O melhor de C. H. Spurgeon. Trad. Solange Domingues Soares. Curitiba (PR): Luz e Vida, 1997.

STOTT, John. Por que sou cristão. Trad. Jorge Camargo. Viçosa (MG): Ultimato, 2004.

Cleófas Júnior

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