sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MÚSICA BRASILEIRA, INDEPENDENTE E GLOBALIZAÇÃO - TEATRO MÁGICO

Assista ao video do Teatro Mágico sobre que nós somos bem maiores do que os reducionismos do capitalismo globalizado. “O Teatro Mágico: Segundo Ato” é o mais recente álbum de Fernando Anitelli e sua trupe. As composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive. No primeiro CD (Entrada para Raros), a trupe estava imersa num universo paralelo, num lugar onde tudo era possível, falávamos de lutar pelos nossos ideais, pelos sonhos. No “Segundo Ato”, a gente dialoga sobre como realizar isso. É como se a trupe chegasse na cidade e se deparasse com as questões sociais e urbanas, como o cotidiano dos mendigos citados na música “Cidadão de Papelão” ou a problemática da mecanização do trabalho, questionada na canção “O Mérito e o Monstro”. Indo mais além, na música “Xanéu nº5″, há um debate sutil e, por vias opostas, mordaz, sobre o amontoado de informações que absorvemos, sem perceber, assistindo aos programas de TV da atualidade”, explica Anitelli. Acesse o site para baixar gratuitamente os CDS do Teatro Mágico e conhece melhor o trabalho deles: http://oteatromagico.mus.br.

MÚSICA BRASILEIRA POPULAR E INDEPENDENTE - TEATRO MÁGICO

Concebido em 2003 com o sugestivo nome “O Teatro Mágico: Entrada para Raros” (nome inspirado no best seller “O Lobo da Estepe” do autor alemão Hermann Hesse), o primeiro trabalho de Fernando Anitelli como artista solo prima pela mistura de ritmos e estilos. Depois de algumas apresentações, “O Teatro Mágico” deixa de ser “apenas” o nome do CD e passa a denominar a companhia artística criada por Anitelli que, junto de seus companheiros, escreve seu nome na história da música popular brasileira com o sucesso independente de gravadoras ou mídias de massa.

Nossa esperança não é fuga das contradições da vida, mas comunhão amorosa e libertadora com Deus no presente - Evangelho e Poesia



15 Afirmamos a todos vós, pela Palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos quando se der o retorno do Senhor, certamente não precederemos os que dormem nele.


16 Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, eos mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.


17 Logo em seguida, nós, os que estivermos vivos sobre a Terra, seremos arrebatados como eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E, assim, estaremos com Cristo para sempre!


18 Consolai-vos, portanto, uns aos outros com estas palavras.

I Tessalonicenses 4.15-18



NASCER DE NOVO
Carlos Drummond de Andrade


Nascer: findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora,
na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,o nervo exposto dos problemas.



Sondamos,inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta,deste lado,
à placidez do outro?
É tudo guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?



Eis um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura.
Amor, este o seu nome.
Amor, a descoberta
de sentido no absurdo de existir.
O real veste nova realidade,
a linguagem encontra seu motivo
até mesmo nos lances de silêncio.



A explicação rompe as nuvens,
das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou eu, sou o Outro
que em mim procura seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.

A Palavra Mágica (Poesia), 1997.

Nossa Esperança, a Morte e Ressurreição de Jesus Cristo - Evangelho e Poesia


13 Não desejamos, no entanto, irmãos, que sejais ignorantes em relação aos que já dormem no Senhor, para que não vos entristeçais como os outros que não possuem
a esperança.



14 Porquanto, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, da mesma maneira devemos crer que Deus, por intermédio de Jesus, trará juntamente com Ele os que nele faleceram.


I Tessaloninces 4.13-14

JOSÉ (Carlos Drummond de Andrade)

E agora,José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora José?
e agora você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
n noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora José?
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,

Com a chave na mão
quer abrir a porta,

não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;

quer ir para Minas,
Minas não há mais,
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José,para onde?

José (1941-1942)

Avivamento, Evangelho de Jesus e Tempos Globais


O protestantismo no Brasil em suas variadas faces (seja o histórico, o pentecostal e o neopentecostal) para muitos tem vivenciado um grande avivamento e reavivamento da fé cristã em uma sociedade globalizada marcada pelo secularismo e relativismo de verdades absolutas. Sendo que a comprovação deste avivamento está no crescimento numérico das igrejas, nos programas de rádio e televisão, nos grandes e belos templos no estilo “shopping center”, no aumento constante de políticos evangélicos que defendem a “moralidade” cristã.

É interessante atentarmos que o caminho deste avivamento no protestantismo que tem como modelo a proposta do neopentecostalismo televisivo na produção de uma “religião do trono”, priorizando a busca do bem-estar e o desejo de consumo inesgotável dos seus membros. O resultado é uma fé que o individuo se considera merecedor de muitas bênçãos que Deus tem a obrigação de conceder, como aponta a socióloga Patrícia Alves.

Existe a necessidade de repensarmos este modelo atual de caminho para o avivamento em nossas igrejas evangélicas, por isto, é importante olharmos a história de um grande pregador puritano inglês Richard Baxter. Durante três anos este pregador capacitado por Deus pregou de todo o seu coração a um povo rico e sofisticado, mas sem resultados visíveis. Finalmente, Baxter clamou a Deus: “Senhor, faz algo por este povo ou então morro”. Mas Deus respondeu como se fosse em voz alta e recomendando a ele: “Baxter, você está trabalhando no lugar errado. Está esperando que o avivamento venha através da igreja. Tente pelo lar”. Baxter começou a visitar os lares, ajudando famílias a organizarem um “altar familiar”, até que o Espírito Santo ateou fogo naquela congregação e fez dela uma igreja forte.

Portanto, meus amados irmãos, esta história nos remente a enxergamos que o caminho para um avivamento bíblico, equilibrado e transformador em todos os âmbitos da nossa sociedade, consiste em trabalharmos no lugar certo que é a busca constante por uma espiritualidade libertadora fundamentada na vivência dos valores do Reino de Deus expressos no Evangelho de Cristo, em nosso cotidiano familiar para assim o construirmos como um altar de adoração a Deus. Busquemos, pois, construir essa espiritualidade em nosso lar com a prática da oração e leitura bíblica em comunhão para que assim sejamos Igreja formada pelo Evangelho de Jesus.

Cleófas Júnior

Globalização, Tesouros Humanos e o Evangelho - Marcos 10.17-22


Para muitas pessoas em nosso mundo contemporâneo os tesouros da existência humana consistem na realização absoluta dos seus diversos desejos e prazeres. Tornando-se assim o ser humano o centro de todas as coisas, o que importa nisto é adquirir o maior número de bens materiais para assim os desejos sejam satisfeitos. Vivemos em um mundo que privilegia o Ter como tesouro da existência humana e com base nisto as pessoas constrói suas vidas. Na Escritura Sagrada encontramos uma história que nos conduz a pensar sobre quais os tesouros da nossa existência, em Marcos 10.17-22 sobre o diálogo de um homem rico com Jesus Cristo.


É reconhecer a nossa necessidade de vida eterna (ver. 17). O homem rico pergunta a Jesus Cristo sobre como encontrar a vida eterna. Essa pergunta expressa certa preocupação na coração do homem em relação a sua existência em encontra algo mais valioso, que não se restringiam aos bens materiais que lhe satisfaziam os prazeres, e este tesouro era a vida eterna. O nosso primeiro tesouro consiste em reconhecermos a nossa necessidade de vida eterna, numa atitude de construirmos nossa vida em um relacionamento de amor com Deus, que conduz os nossos caminhos como nosso Senhor Libertador para vivermos no novo céu e nova terra.


É reconhecer a importância da Palavra de Deus (vers. 19-20). A resposta de Jesus Cristo ao homem rico foi a de que a vida eterna consiste em seguir os preceitos estabelecidos por Deus. O homem respondeu em seguida que seguia todos os preceitos de Deus desde a sua juventude, porém para ele estes faziam parte da sua existência apenas em atos externos. O nosso segundo tesouro consiste em cultivarmos em nosso coração os preceitos (valores) estabelecidos por Deus expressos na Escritura Sagrada para que conduzamos nossa existência em contraposição aos valores predominantes em nosso mundo como: o relativismo de verdade e ético, a absolutização do prazer, o consumismo e individualismo em extremo.


É viver a partir do evangelho de Cristo (vers. 21-22). Jesus Cristo termina o diálogo como o homem rico quando o olha com amor incondicional e fala que lhe faltava uma coisa: compartilhar todos os seus bens com os pobres e construir sua vida como um seguidor do seu evangelho para sempre, mas o homem se despediu triste porque o pedido era muito extremo. O nosso terceiro grande tesouro é contemplarmos Cristo a cada dia a falar conosco com um amor incondicional nos chamando a viver com base em seu evangelho seguindo os seus caminhos, que foi servir a Deus Pai em favor da libertação do nosso mundo perdido e com dor.


Portanto, somos chamados a encontrarmos e vivermos estes grandes tesouros da existência em nosso mundo tão confuso e sofredor, para assim construirmos nossa vida a partir do evangelho de Cristo que nos conduz a vida eterna e a seguir os valores do Reino de Deus. Sendo possuído a cada dia por Seu amor e graça, para lutarmos diariamente pela libertação da minha vida, do meu próximo e do nosso mundo, e assim estaremos vivendo o grande mistério do Reino de Deus que é ser amado por Deus Pai e entregar-se a Ele e ao nosso próximo na construção de um novo céu e nova terra.


Cleófas Júnior

Jesus Cristo e a Existência Humana - João 1.1-14


Para muitas pessoas a pessoa de Jesus Cristo representa: “um grande revolucionário político”, “um grande profeta”, “um grande mestre”, “um grande curandeiro”. Enquanto outras pessoas pensam na pessoa de Jesus Cristo de forma absoluta com a sua instituição religiosa, acredito que todos estes pensamentos reduzem o significado da pessoa de Cristo com a criação de caricaturas, pois em muitos momentos podem ser usados para interpretar a mensagem de Cristo para opressão das pessoas e legitimação dos privilégios de “alguns escolhidos”. Contra estes pensamentos reducionistas é necessário observamos a Escritura Sagrada com a mente aberta para ouvirmos a sua mensagem sobre quem é Jesus Cristo na existência humana, como nos apresenta João 1.1-14 em alguns aspectos.

Jesus Cristo é Deus desde a Eternidade (vers. 1-4, 10). Jesus Cristo é o Logos que na filosofia de Platão era entendida como a “razão” ou “lógica”, como uma força abstrata responsável pela ordem e harmonia do mundo. O apóstolo João utiliza essa expressão em relação a Cristo para ensinar a verdade de que Ele existente desde a eternidade antes de todas as coisas que compõem a obra da criação, mas não como mera força abstrata. João argumenta que Cristo é o responsável por toda obra da criação conforme Gênesis 1 e 2: a terra, o mar, o céu, os animais, as árvores, os rios, culminando com o homem e a mulher, vivendo um relacionamento de amor a Deus, ao semelhante e a natureza. Em seguida afirma que Jesus Cristo na sua pessoa era a Vida que representa a comunhão de amor expressa na realidade de felicidade, paz, harmonia e liberdade da criação no contexto do Jardim do Éden.

Por isto, necessitamos reconhecer a pessoa de Jesus Cristo como Deus Eterno que transcende a todas as questões que compõem a existência humana. Deus Eterno que foi o grande arquiteto da obra da criação tanto do mundo em seus aspectos físicos como da humanidade. Participou dessa obra com o propósito de gerar vida e luz para que a existência humana fosse dominada pela beleza do eterno amor de Deus.

Jesus Cristo é a verdadeira luz para transformar a escuridão da existência humana (vers. 5-13). João no versículo 5 nos mostra que a existência humana está envolvida numa realidade de trevas e escuridão em todas as suas dimensões (pessoais, sociais, políticas, econômicas e culturais), porque através do pecado ele rejeitou ao amor incondicional de Deus Pai como fundamento da vida para viver conforme os seus próprios desejos de morte e injustiça, tornando-se filho da desobediência. Em seguida João fala sobre o testemunho de João Batista que consistia em denunciar as trevas que dominava a existência humana e mostrar a necessidade de recomeçar a viver em arrependimento para com Deus quando viesse aquele que era a verdadeira luz. Essa verdadeira luz é Jesus Cristo que transforma a escuridão de pecado que vive o ser humano neste mundo, tornando filho de Deus que caminha na obediência do eterno amor do Pai que nos conduz a vida e a liberdade. Isto acontece a partir da verdade de que o Cristo que é Deus Eterno tornou-se humano para através da sua graça e verdade trazer a revelação de forma concreta da nossa escuridão e assim nos conduzir ao caminho da luz, partilhando assim de todas as nossas misérias como uma manifestação do eterno amor de Deus por nós.

Portanto, aprendemos que a pessoa de Jesus Cristo é a verdadeira luz que se tornou humano para nos conduzir ao caminho da luz que consiste em construirmos a nossa existência como filhos de Deus que são dominados a cada dia pelo eterno amor do Pai em obediência aos seus valores eternos, lutando assim contra as trevas em nosso mundo.


Cleófas Júnior