segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Nosso Mundo Globalizado, a Coisificação da Vida e o Caminho de Jesus




No poema do poeta Carlos Drummond de Andrade intitulado EU, ETIQUETA podemos pensar um pouco mais sobre os desafios do mundo globalizado e a realidade constante da coisificação das nossas vidas. Em que somos consturados pelo capitalismo em seus variados produtos para satisfação dos nossos desejos e assim reduzimos a nossa identidade a meros consumidores. Eis alguns trechos do poema:

Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... Estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha tolha de banho e sabonete,

(...) Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim - mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua alma humana,invencível condição.

(...) Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espalhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco de roupa
resumia uma estética?

Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia,não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu,mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou coisa, coisamente.

A Palavra Mágica (Poesia), 1997.

Mas no caminho de Jesus Cristo somos chamados a viver a nossa humanidade com um coração sem preocupações porque cremos em Deus revelado na face de Cristo no sentido de confiamos todo nosso ser ao único Absoluto e Soberano em amor incondicional. E nesse caminho em que aprendemos a confiar em Deus como nosso Pai e assim encontramos morada Nele em e por nós (João 14.1-4).

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